Thursday, May 17, 2007

Eleições em Lisboa, ontem como hoje




Voltando à actualidade política, que é como quem diz, à CML. Afinal, os candidatos apareceram como cogumelos. Para uma câmara que está falida, não deixa de ser surpreendente! Do lado do PS, surge-nos António Costa, numa aposta de alto risco de Sócrates, que subiu a parada. Se perder, será a quarta derrota consecutiva do secretário geral do PS e do primeiro-ministro, depois do partido quase desaparecer da Madeira. Mas o risco também pende para Costa, dado o carácter pessoal que estas eleições vão ter. Para quem estava numa posição confortável no governo louve-se a iniciativa. Louve-se também a carta branca que Sócrates deu a Costa para formar a sua equipa, livrando-se dos veredores do PS que até há pouco tempo fraca e triste figura faziam, com discussões de cadeiras, opiniões contraditórias, tacticismos políticos da pior éspecie, tudo a bem de Lisboa, calcula-se! Igualmente positivo é a nomeação de José Miguel Júdice para mandatário da campanha com Saldanha Sanches a tratar da contabilidade. O arquitecto Manuel Salgado está na lista, em número dois, dizem, bem como Ana Sara Brito, o que abona a favor. Resta-nos esperar pelos restantes nomes e, mais importante, pelo projecto que António Costa quer para a Cidade. Do lado do PSD, a montanha pariu um rato: Fernando Negrão, vindo de Setúbal, depois de várias recusas de figuras de topo. Uma desilusão, por melhores que sejam as suas qualidades pessoais e profissionais. Politicamente, Negrão é uma figura de segunda linha, irrelevante, ainda por cima, coisa extraordinária, arguido ou pseudoarguido num caso da Câmara de Setúbal. Como esclareceu Pacheco Pereira a candidatura é meramente presencial. Outros, escondidos, falam em derrocada eleitoral. Não havia mais ninguém? Mas Negrão já descansou as hostes, batendo forte e feio em Costa e, pasme-se, informando o povo, para seu sossego, que vai voltar com alguns dos vereadores renunciantes, porque, as palavras são suas, "fizeram um excelente trabalho"!!! Só se foi no aumento da despesa e no desgoverno da cidade e dos serviços. Quanto à dívida, coisa fácil de resolver para Negrão, chamam-se as universidades (!!!) e umas empresas de consultoria, e já está. Teme-se o pior! E Mendes que se cuide, pois um desaire eleitoral em Lisboa precipitará eleições directas no partido. Helena Roseta, a candidata a candidata independente, recolhe desesperadamente assinaturas, pelo que ficamos a aguardar pelas novidades. Mas uma coisa já sabemos, que Roseta não gosta da ideia de o seu movimento se coligar com os partidos. Sá Fernandes, pelo contrário, diz que há muitas formas de fazer coligações. O problema é que vai disputar o mesmo eleitorado que a candidata a candidata. Vai daí, conversou com Roseta, que não gosta de coligações, e vai continuar a conversar com os outros candidatos de esquerda para constituirem uma lista única, encabeçada por Costa. A única coligação até agora, a CDU, que já disse que não quer nenhuma coligação, pelo menos com os socialistas, disparou sobre Costa, a quem simpaticamente apelidou de "inimigo do poder local". Sobre a cidade, nada. Manuel Monteiro estará igualmente presente como candidato, só não sabemos para quê. Ou melhor, sabemos: para acabar com as empresas municipais. Bom, a ideia até não é má. O CDS continua sem dar cavaco. Por último, temos o candidato a candidado a candidato independente, Carmona Rodrigues. Sim, Carmona Rodrigues, o próprio, supõe-se que com o trio maravilha Fontão de Carvalho, Pedro Feist e Gabriela Seara, como apoiantes. Assim seja. Os lisboetas terão pois a oportunidade de desfazer mais um mito, a bem da governança local.

No comments: