O aparecimento de um novo jornal é sempre um bom pretexto para retomar um blogue, depois duma ausência forçada. Para os mais distraídos, saiu ontem e chama-se simplesmente "i". Não sei se pega, mas gostei da forma e do conteúdo. A opção por um formato próximo da revista, numa tendência iniciada pelo "24 horas", parece-me uma boa opção. É prático, transporta-se bem, facilita a leitura (nos apertões do Metro resulta). Os conteúdos estão organizados de maneira diferente, para responder a um jornalismo que se pretende também diferente, privilegiando o essencial em detrimento do acessório. Por isso, como escreve Martim Avillez Figueiredo, no primeiro editorial do "i", o novo jornal "implode as secções tradicionais dos jornais, tal como o online desaruma a organização dos sítios web" [fui lá ver e confirmo e recomendo, aqui http://www.ionline.pt/]. Contrariamente aos actuais jornais diários generalistas, começa com a Opinão, com um conjunto de colaboradores que promete (uns mais consagrados do que outros); depois passa pelo Radar, para tudo "o que de importante se passa", e pelo Zoom, onde predomina a explicação, as análises políticas, as investigações económicas, ou outras, há muito arredadas da generalidade da imprensa periódica portuguesa; termina com Mais, uma zona para a cultura e o desporto. Confesso que gostei desta nova arrumação, pelo menos não tive que começar a ler o jornal de trás para a frente, como até aqui acontecia. E dos conteúdos... pertinente a reflexão de João Cardoso Rosas, sobre "A Crise Ideológica", que promete às quintas-feiras, as incursões com rigor pelo tema dos emigrantes, das intenções do Governo em limitar a sua entrada (por Bruno Lopes, Luís Ribeiro e Inês Cardoso), e pela incontornável gripe suína (textos de Rute Araújo e Enrique Pinto-Coelho), ou a análise sobre o fantasma do Bloco Central, de Adriano Nobre. Ah, a cor, que atravessa todo o jornal e nos surpreende com páginas deliciosas, como a 32. Uma referência para os exclusivos do The New York Times, que pelos vistos vão continuar. Parece-me uma aposta ganha, apesar do enorme risco que é lançar um novo jornal em Portugal. Alea jacta est... e boa sorte.
Friday, May 8, 2009
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3 comments:
És uma querida.
Beijinhos
Bem vindo e que seja por longo tempo. Quanto ao "i" permita-me discordar, sobretudo noo que toca a conteúdos. Não quero ser injusta, mas parece muito próximo da notícia-espectáculo, apostada na compra da atenção do leitor ainda que à custa de títulos insinuosos, etc. Não é o meu género, sou uma conservadora assumida: para mim a notícia, tal como a verdade, serve-se fria.
Mas vou acompanhar e quem sabe...
Bom trabalho e muita sorte.
Agradeço o comentário. Mas como conservadora assumida não pode deixar de gostar, por exemplo, do ensaio que hoje João Carlos Espada dedica a Edmund Burke, no "i". A ler...
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