A crise económica agravou ainda mais uma tendência que vinha de trás, a queda generalizada na venda de jornais. A única excepção foram os jornais económicos, que cresceram a contraciclo, e algumas revistas semanais. Estas são algumas das conclusões que se podem retirar dos dados divulgados pela Associação Portuguesa de Tiragens e Circulação (APCT) relativos ao primeiro quadrimestre deste ano. A circulação diária paga (vendas em banca e assinaturas) teve os seguintes resultados, comparados com o período homólogo de 2008:
DN (2008) = 45063
DN (2009) = 40375
DN (2009) = 40375
JN (2008) = 99313
JN (2009) = 99044
JN (2009) = 99044
Correio da Manhã (2008) = 117722
Correio da Manhã (2009) = 114525
Correio da Manhã (2009) = 114525
Público (2008) = 41588
Público (2009) = 38773
24 Horas (2008) = 35831
24 Horas (200) = 32914
24 Horas (200) = 32914
Os cincos principais diários generalistas nacionais venderam, portanto, menos 13.886 exemplares por dia de Janeiro a Abril em comparação com o mesmo período de 2008. O menos afectado pela quebra generalizada foi o JN, diminuindo apenas 0,27% (menos 269 exemplares diários) a sua circulação paga, em comparação com o ano passado. O mais afectado foi o DN, que vendeu, por dia, menos 4688 jornais, isto é, menos 10,4%. Deste grupo, a liderança nas vendas pagas continua a pertencer ao Correio da Manhã, que mesmo assim vendeu menos 3197 exemplares, uma descida de 2,72%. Em último lugar, temos o 24 Horas, que registou uma variação negativa homóloga de 8,14%, com menos 2917 jornais vendidos, em média, diariamente.
Os semanários, as revistas de informação geral, os desportivos e os gratuitos não fugiram à regra (a única excepção foi a revista Sábado, como iremos ver). O Sol caiu 18,4%, passando de uma circulação média paga semanal de 48966 exemplares para 39960. O Expresso, apesar da quebra de 13,3% face ao mesmo período de 2008, mantém o primeiro lugar, destacado, com vendas médias de 112168 jornais por semana. No segmento das revistas, o destaque vai para a Sábado, que conheceu uma subida de 13,6%, passando de uma média semanal de 70005 exemplares em 2008 para 79551 vendidos em média, entre Janeiro e Abril de 2009. A Visão continua a liderar este segmento de publicações, com uma média de 103000 revistas vendidas por semana, alavancadas sobretudo nas assinaturas. Mas acusou uma descida de 5,7% em comparação com 2008. A Focus continua a sua descida, passando de uma média de 11008 revistas vendidas nos primeiros quatro meses de 2008 para apenas 9406 entre Janeiro e Abril deste ano. Fim à vista? Os 2 desportivos auditados pela APCT não ficaram imunes à diminuição de vendas: o Record, com vendas de 60018 exemplares diários, teve uma quebra de 2,3%, e O Jogo acusou uma queda de 15%. Quantos aos gratuitos, apesar de não terem circulação paga, são curiosamente o segmento de publicações impressas que mais acusa a crise no sector da imprensa escrita. A maior quebra foi a do Metro Portugal (33,43%), passando assim a liderar esta área, com 115565 jornais distribuídos contra os 113395 do Global Notícias.
Contrariando esta tendência geral de queda na circulação paga temos a maior parte dos jornais económicos. Com efeito, ao lado da Sábado, foram os únicos a registar crescimento de vendas neste 1.º quadrimestre de 2009. A maior subida homóloga vai para o Diário Económico, de 20,8%. O Jornal de Negócios também viu as suas vendas aumentarem 14,9%. O Semanário Económico teve um reforço de vendas de 10,8%. A Vida Económica foi o único título deste segmento a registar uma quebra, de 6%.
Algumas conlusões:
> A subida das vendas dos jornais económicos poderá explicar-se pelo aumento do interesse dos leitores pelos assuntos ligados à economia e à procura de uma explicação para a crise;
> A tendência geral, apesar de algumas excepções, continua a ser de uma diminuição progressiva das publicações impressas, nalguns casos pondo mesmo em risco a sua sobrevivência. Significará isto a fim dos jornais impressos? Voltaremos a este assunto, com outro detalhe e análise;
> A queda dos gratuitos, passada a novidade, não surpreende, com a degradação progressiva da qualidade das notícias, da opinião publicada, esmagadas não raras vezes pela publicidade;
> A subida da Sábado está a fazer-se, em parte, à custa da Focus, mas também de um projecto editorial que tem sabido fidelizar e surpreender os seus leitores e captar novos públicos, provando ainda que dificilmente o mercado das revistas de informação geral suporta 3 revistas semanais;
> Com o aparecimento de um novo diário generalista (que não consta, por enquanto, deste relatório da APCT), o i, lançado no início de Maio, com uma tiragem média de 36207 exemplares, será interessante ver como coabitará com a concorrência e que implicações terá nas vendas em banca e assinaturas dos outros jornais. Aguardamos com curiosidade...
1 comment:
Uma análise bem documentada! Suponho que a Sabado sobe em função de deslocação de leitores da Focus. Quanto ao Público que “ainda” considero Muito Bom, terei pena se não se aguentar, unicamente em função da Qualidade!! Veremos. Quanto ao “i” é ainda muito cedo. O Expresso, é ainda o Expresso.
Quanto a jornais em papel acabarem, julgo não será nos próximos 5 anos!!!
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